Thursday, January 10, 2008

providências para o meu funeral

Tratarei de especificar aqui quais as providências a tomar para a execução de um funeral que não me faça dar voltas na campa (mesmo que eu ainda esteja cá fora). Mais tarde, tratarei de imprimir este texto e fazê-lo assinar por um notário na presença da minha alma e, essencialmente, do meu corpo.
Antes de mais, quero um anúncio na secção de necrologia do Jornal de Notícias, fornecendo todos os particulares rocambolescos da ocorrência (bateu com a cabeça num corrimão, e tal e tal...), especificando o dia e hora do funeral, mas, sobretudo, indicando no fim do artigo, "há torresmos" (o que, efectivamente, haverá, mas já lá vamos...).
Não se realizará uma missa, mas notabilizar-se-á a presença de um pregador que pronunciará as seguintes palavras: so-lavie di-le-do; so-lovie di-le-jo; he-li venco de-ho; che-li venco de-ho; malio; he-libo se-yo-man; he-libo se-yo-man; malio; malio.
Posto isto, proceder-se-á à audição de uma música dos humanos, da qual não sei o nome, mas que começa com "vou viver, até quando eu não sei..."
Posteriormente, acaba-se as merdas. É servido o copo-de-água, confeccionado, de preferência, mas não obrigatoriamente, pelo meu melhor amigo, Gonçalo, a saber:

entrada - torresmos
sopa - torresmos
prato de carne - torresmos
prato de peixe - torresmos
sobremesa - torresmos com compota de morango
vinho verde

Durante e após a refeição, deverá realizar-se a actuação de um grupo etnográfico (por favor, escolham-me alguém de jeito, não olhem a despesas, se for preciso, cobrem bilhete para o funeral), desfiando um repertório de viras minhotos como nunca antes se viu. Aqui, toda a gente, sem excepção, deverá dançar. Considerarei uma prova especial de afecto e de respeito alguém dançar em cima da minha campa (que, já agora, deverá ter uma cruz de pedra com o meu nome, data de nascimento e de óbito, nada mais).
Como é mais que óbvio, se o baile durar menos de três dias, será um funeral de merda...

No comments: