Friday, November 2, 2007

Oremos:


ORAÇÃO 1

Declaro que:

Sou um artista falhado
Um escritor amputado
Um cineasta corrompido

Mas

Sou um amante reputado
Um bebedor desbragado
Um narco-preocupado.

Vem a mim, S. Miguel,
Com a tua inexorável balança
E diz-me o teu parecer.
Leva-me deste meu falso pedestal,
Cobre-me a cabeça,
Lava-me os pés
E chupa-me o viril tronco.


ORAÇÃO 2


Folhas caducas da cirrose…
Mulheres com bonitas pestanas…
Vá lá, diz se me amas!
Convulsa e atenta na minha tosse.
Aaaahh, se a Verdade apenas fosse
Amor à luz de persianas
Até o afago da doença seria doce
E a minha tosse uma questão de semanas.

ode: contradição é beleza desviante é solidez política

HOMEM QUE É HOMEM CONTRADIZ-SE CONSTANTEMENTE

Não há nada de mais belo, amigos:

Quando emerge emerge, emergem
As doces contradições de um homem
(Um cego periscópio num lago artificial,
ou no meio de negras lanças uma câmara digi…)
e no transpirado olho da mulher – a mentirosa experiência do perfume
- a mística presença da bravura
há sinais de desbravamento de território
há venais cifrões de uma outra espessura! Nesta constatação fez-se ao Ciúme um velório.

(CONSTANTEMENTE UM HOMEM QUE É HOMEM SE CONTRADIZ)
E por isso há-de ser lembrado – não seria para nós esse incenso, meu Deus dum caralho?!...

Reside na doce contradição de um homem
A chave para a entrada VIP – um modo fascista de apropriação da Teoria do Caos
- ou seja, para o Amor, sim, o Amor . O de recorte clássico.
É que, IRRA!, deixemo-nos de merdas! – os soutiens ardem quando os touros cobrem,
Mas o rodopio desenfreado de um homem apaixonado……AAAAAHHHH, que ventos
Nos complicam a superfície, nos agudizam o contraste e puxam os vermelhos…

É que é por ser caduca que fica a PAIXÃO para a posteridade,
É por se contradizer que um homem é homem de verdade!


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