Wednesday, February 7, 2007

Ode ao doce vinho

Ao doce vinho, liricamente testado, eu ofereço borboletas do passado. Passada a selvajaria do whisky, eu digo: “Provem do meu doce vinho, seus papalvos.” O jazz passa a trote na rua destemido, nós temos jantes nos ouvidos. Olhamos para os mesmos olhos que outrora, agora com mais paixão, voltamos dos mortos, delícias macabras do deserto. Esfíngicas solidões destemidas, as que enfrentamos sem ponta de prazer.
É um certo vinho que nos mantém de pé, que nos faz apontar de modo geracional, foder de modo responsável, conduzir a alta velocidade RUM-TA-TUM-TUM-TUM pelo meio dos sofás dos camiões de todos os Selenitas de todas as luas.
Este doce vinho é uma demonstração de poder. É este o motor, rumo ao alvo esquecimento de louvados e engenhosos suores, jornadas de peito aberto à espera do redentor cachimbo, ou fumegante minério que redirecciona redenções ao metro.
No doce vinho nos aviamos de prazer, prazer que de modo obscuro, saído da miserável condição de trompetista dos Tindersticks, nos dissolve na massa anónima que é a embriaguez cibernáutica after-hours de época baixa e bissexta.

2 comments:

UtopicPenBallet said...

Desculpa..tinha que comentar este texto. Está genial!!! E faz-me lembrar a última sexta-feira, na casa do alentejo...

DoxDoxDox said...

está genial, pois está.

o vinho, a semi-amnésia, a convivência, a pose, a amargura, ...